quarta-feira, 22 de junho de 2011

“Nas noites frias de inverno onde o sereno é predominante, em meio à escuridão verte uma luz tão brilhante, que mais parece o sol amarelo.”

Liberdade

“Livre mesmo é o pássaro, que voa longe pelo céu
Deslizando através de brancas nuvens, desfrutando esta imensidão anil.
Livre mesmo é o peixe, que mergulha em fundas águas
Desliza por singelos córregos, explorando matas virgens no aconchego dos igarapés.
Livre mesmo é o pensamento que flutua pelos ares, navega pelos mares e nos possibilita ser ou não ser.”

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Brasil, um país capitalista, desigual e sem esquerda!

O Brasil é um perfeito exemplo de capitalismo no terceiro mundo. Vou dar uns dados para que nos situemos no contexto. Hoje em dia, o Brasil, se conforma com 16,27 milhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza. É importante ressaltar que se considera classe média quem ganha mais de 540 reais. Isso sendo um absurdo tendo em conta que o valor agregado (é o valor adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados durante o processo produtivo), inclusive dos produtos da cesta básica é de 40% e o poder de compra é mínimo. O Brasil é um país extremamente caro, onde a cesta básica se encontra entre as mais elevadas. Os estados do norte reúnem 50% da quantidade de pobres de todo o país (curioso que são estados majoritariamente de cor). Tudo isto diante do bárbaro fato de que 3% da população têm mais de 60% das riquezas do país e os demais, boa parte, é roubado pela corrupção. Estes dados são da Fundação Getúlio Vargas (RJ). Em 2001, o Brasil se encontrava em primeiro lugar entre os países mais desiguais do mundo, hoje esse título pertence à Namíbia. Nos últimos 25 anos, cerca de 150.000 jovens (80% da classe média) deixam anualmente o Brasil em busca de uma oportunidade no exterior. Mais da metade dos jovens brasileiros se encontram sem estudar. E os quais têm o privilégio, são dotados de uma educação medíocre, que extingue inclusive o repetir curso, exigindo somente um mínimo de conhecimento para terminar o ano. E daí vêm os assustadores dados da UNESCO, que analisa o conhecimento dos estudantes brasileiros em ciências exatas, situando-los no posto 54° entre 58 países. 4% dos brasileiros não sabem ler, nem escrever (e agora, quem vai ler para eles este artigo de extrema importância?). Pessoalmente, à mim esta cifra não parece real, já que, no Rio de Janeiro, na zona sul, umas das regiões mais ricas do Brasil, é habitual a convivência com pessoas que não sabem ler e escrever. Mais de 90 milhões, 55% dos Brasileiros (a quantidade é bem maior, sem lugar a dúvidas), são analfabetos funcionais, isto significa que sabem ler e escrever, mas não interpretar um texto, ou escrever corretamente. Os pobres vivem ao lado dos ricos, e só convivem graças ao tráfico de drogas. Que implementa uma lei de não roubar nas favelas e mantém os mais perigosos ocupados e nada interessados em roubar, que se torna trabalho de garotos de rua. Uma grande ajuda também, é a "super-repressão", a falta de justiça e um controle policial que mantém os pobres, mais humildes que nunca. Nunca vi e acredito que ninguém viu uma grande manifestação no Brasil, não nos últimos 20 anos. Uma manifestação da gente da favela? Nunca! Seria considerado "distúrbio", como já é considerado em sua totalidade. Dentro desta realidade social, nos encontramos com um complexo e bem organizado conjunto de empresas que dominam a radiodifusão pública e os grandes e únicos meios de comunicação massivos. Há 3 canais de televisão que dominam o mercado, Globo, quem o dono é o reconhecidíssimo falecido Roberto Marinho, quem ganhou seu lugar na fama, na década da Operação Condor, apoiando a ditadura militar e ganhando a requisitada concessão. Na época, a interessada em investir em meios de comunicação nos países da América Latina, principalmente os militarmente ocupados, a empresa Lifetime, despertou um interesse em adquirir ações desta emissora; Record, comprada há poucos anos por Edir Macedo, o dono e pastor da Igreja Evangelista Universal (Igreja Satanista Universal) e uma das pessoas mais ricas, poderosas e denunciadas do país e por último, SBT, quem seu dono é o reconhecido Sílvio Santos. A Globo tem 70% de audiência, situando-se como o segundo canal de televisão mais importante do mundo (sabemos agora por que o país está dessa forma graças aos "narigudos endinheirados"?) e o primeiro em importância como rede. A Globo tem um canal, que seria o 4 aqui no Brasil. Complementando-lo com Globosat, que contém significante número de canais de televisão, todos pago$. Junto com os dois jornais mais lidos do Brasil, "O Globo" e o "Extra", que está superando a "Folha de São Paulo" que se encontra em segundo lugar do ranking e também famosas revistas que se intitulam de "Super Interessante", "Veja", "Caras", entre outras, que costumam ser claramente tendenciosas e sarcásticas, chamando a atenção inclusive de seus próprios leitores habituais. As idéias da Globo são bem claras. Já apoiaram uma ditadura militar e nunca, mas nunca vi uma propaganda ou movimento de caráter social que não tenham segundas intenções como manobras para evadir impostos, por exemplo. Como já foi denunciado incontáveis vezes, como no caso do "Criança Esperança". Dita a lei "brasileira" que o que se doa aos movimentos filantrópicos se desconta dos impostos de quem os arrecada, sendo esta uma empresa. Enfim, não se fala de pobreza, não se mostram manifestações que não são de seu interesse. Programam-se novelas fantasiosas como "Malhação", altamente criticada, por ser para público jovem e não conter nem sequer um preto na programação e mostrar só a realidade de uma pequena porcentagem dos jovens do país, com problemas que não têm nada que ver com os quais vive a população brasileira. Ao chegar ao poder, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se declarava de esquerda, criou uma "super-propaganda". O povo ao ser tão dependente destas novelas, e a rede "Globo", ao dominar todos os meios de comunicação mais vistos, impôs uma realidade. Começou a falar constantemente e necessariamente de corrupção, como nunca antes havia falado, deixando claro suas intenções, para os mais sabidos. Ao ler diversos jornais ao dia, me ocorreu diversas vezes de ler o Universal da Venezuela e que logo me surpreendia nas primeiras páginas de O Globo, frases do Presidente da Venezuela, Chávez, manipuladas, com trocas de palavras bem ao modo "pré-histórico". " - Aqui não se fala de manifestação, não se fala de revolução. Revolução não existe, porque nunca existiu." E outra, 90% dos brasileiros não sabem citar um revolucionário brasileiro e uma maioria esmagadora, não sabe citar um revolucionário estrangeiro que não seja o Che Guevara. Não ensinam isso nas escolas. Pelo contrário, se ensina a desprezar o comunismo e o socialismo sem conhecer seus fundamentos. Me custa lembrar de tudo isto, digo lembrar-me, porque sempre, como a maioria dos brasileiros, tentei esquecer, já que não vejo uma solução possível, não neste século. Já que aqui não existe o significado de revolução, que é a única solução. O que se pode esperar de um país que tem 4% de analfabetos, 55% de analfabetos funcionais e o restante dos estudados, em sua grande maioria, defendem o capitalismo selvagem com suas próprias vidas. O que se pode esperar de um país que, 3% da população retém mais de 60% das riquezas do país, e entre os outros 97% se distribui o restante. O que se pode esperar de um país que cobra um imposto chamado CPMF para a saúde pública, arrecadando 40 bilhões de dólares em transações bancárias por ano e nos obrigam a pagar um caro sistema de saúde privado ao não ter mínimas condições de atendimento na maioria dos hospitais, inclusive nos mais prestigiosos. Nada acontece, o Brasil explode e nada acontece. O que acontece é que a classe baixa do Brasil não tem noção de seus direitos, não sabe o que é revolução, não conhece nenhum revolucionário. A classe média vive assustada, tanto dos marginais, como das autoridades, e, além disso, carrega essa típica característica regional: o conformismo.

O que se pode esperar de um país, sem ao menos uma esquerda? ..

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Agradeça o quanto puder, e aproveite enquanto há tempo!

Às vezes, flertando longinquamente neste intenso e azul céu de anil, que por sua vez enaltece as singelas tardes de outono, me pego simplesmente agradecendo a Deus por estar respirando. Por ter uma família, por ter saúde e também paz no coração.
Confesso também que às vezes, até penso em suplicar para que minha passagem existencial não seja breve demais, pois, acredito ter alguma razão além da vida para estar aqui. Então, revejo meus próprios conceitos, crenças e ideologias, e percebo que não tenho este direito. E, que cabe à mim apenas escolher COMO viver, e não QUANTO.
As coisas, o mundo e a vida sempre existiram e sempre existirão. Nós, seres vivos, é que somos literalmente passageiros nesta viagem chamada existência. E ironicamente, pecamos demasiado quando deixamos o ambicioso desejo de permanecermos vivos, desestruturar completamente a sincronia entre nossos focos espirituais, emocionais e racionais, nos fazendo deixar de lado até mesmo o próprio ato de regozijar o extraordinário fato de simplesmente estarmos vivos. Tal atitude, sem sombra de duvidas ecoa por toda uma eternidade.
Pode parecer estranho, mas a morte é o nosso maior paradoxo em vida. Pois, é a única certeza que carregamos por toda nossa existência, e quando ela ocorre, dificilmente entendemos o porquê. “Nascemos para viver, e vivemos até morrer.” De certa forma, pode-se dizer que andamos de mãos dadas com ela.
Porém, não precisamos viver depressivos e ansiosos pelo simples fato de termos consciência de que um dia todos nós iremos morrer. Basta encararmos a morte de maneira positiva. Situação um tanto quanto irônica, não? Afinal, tem como encarar a morte de maneira positiva? A resposta é sim! Para isso, é necessário viver sem preocupar-se em morrer! Mais uma ironia do destino.. Certo!?
Viva o hoje e o agora, e ao amanha, deixe para se preocupar amanhã. Se for que, o amanhã por sua vez, estiver lá..

Um abraço, paz e positividade à tudo e a todos.

domingo, 24 de abril de 2011

O tempo não é passageiro, mas a existência sim.

sábado, 23 de abril de 2011

Um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta, mas um homem sem Fé é como um peixe fora d’água.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Qual é o sentido da vida ?

A Subjetividade é a verdade, segundo Sören Aabye Kierkegaard.

Resumo: A verdade sempre foi objeto de muitas discussões. Assim, neste artigo, pretende-se apresentar as reflexões de Sören Aabye Kierkegaard acerca da verdade existencial. Para Kierkegaard, Deus é a Verdade Plena que só é alcançada mediante a fé após a superação do caminho proposto pelo próprio cristianismo. Segundo Destarte, a verdade não pode estar na multidão, mas, no individuo. Usando de um método próprio, Kierkegaard empreende a busca da verdade encontrando-a na subjetividade, isto é, na interioridade do indivíduo. Portanto, o obejtivo deste artigo é apresentar no que consiste, ou o que é, propriamente, para Kierkegaard, a verdade.
Palavras-chave: Verdade. Subjetividade. Fé.

Considerações preliminares: Sören A. Kierkegaard nasceu na Dinamarca em 1813. Viveu em uma época permeada pelo espírito revolucionário francês (1789), pelos sistemas filosóficos que pretendiam compreender e abarcar a existência humana na sua totalidade. Essa época também foi marcada pela profunda crise do cristianismo protestante frente à vivencia, o testemunho e a prática da verdade cristã. Este contexto filosófico, religioso, social, histórico foi decisivo para que Kierkegaard empreendesse uma busca ousada, no entanto, indispensável à vida do individuo: qual o sentido da minha existência.
A herança paterna, a fé e o zelo pela vida e pelo sagrado, significaram para Kierkegaard a preocupação pela descoberta do sentido de viver, de acreditar em um Deus inatingível e inacessível objetivamente, isto é, de encontrar a verdade da própria existência. Esta preocupação, encontrar a verdade da própria existência, é a raiz de toda a obra Kierkegaardiana. Toda a sua obra pretende ser um mergulho no próprio interior e um confronto com a realidade. As suas obras constituem sua própria experiência existencial, fundamentada na vivencia radical da fé cristã.

Segundo Secco: Esse autor pretendeu pensar a própria existência tanto com base na tradição do pensamento ocidental como na sua própria experiência pessoal, num horizonte dialético que privilegiava a descrição das esferas da existência como referencia a uma finalidade especifica, qual seja, o tornar-se consciente da própria vida com base na revolução cristã.(Secco, 2004, p. 925)

Assim, Kierkegaard compreendeu que, pela vivencia radical do cristianismo e pelo desejo de encontrar a verdade, é possível descobrir o sentido da existencial fundamental da vida. "É imprescindível encontrar o sentido da própria existência por que a vida é feita de instantes e cada instante é decisivo" (Kierkegaard, 1995, p. 36). Entretanto, o próprio cristianismo com a sua doutrina e exigências, oportuniza essa descoberta. Deste modo, percebeu Kierkegaard que a fé deve ser esse caminho que conduz a fonte e plenitude de toda existência e que essa busca não se pode fazer um grupo, mas deve ser uma busca individual, solitária, pois “A multidão é uma completa mentira. (Larrañeta, 1990, p 124). Por isso, Kierkegaard afirma que o individuo: [é} a categoria pela qual devem passar sob o ponto de vista religioso, a época, a historia a humanidade” (Kierkegaard, 2002, p. 124)

O indivíduo enquanto cristão é aquele que mergulha no seu interior para poder descobrir a verdade sobre si mesmo e testemunhá-la. Segundo Larrañeta, o “testemunho” é uma prova infalível do descobrimento da verdade, pois, só quem a descobre é capaz de sofrer pela verdade. Contudo, ainda permanece irresoluta esta questão: de acordo com Kierkegaard, o que é a Verdade?

A verdade proposta pelo cristianismo
O cristianismo, como tal oferece ao individuo as condições para que este compreenda o sentido do existir. Kierkegaard compreendia que o cristianismo permitia ao individuo voltar-se para seu interior e refletir sobre sua ação e relação com a realidade, mediante o encontro com Deus. O cristão é um indivíduo marcado pela subjetividade, pois, sendo a verdade algo que esta em relação essencial com o espírito, esta se constitui como a atividade de apropriação do seu próprio interior. (Larrañeta, 1990. P, 128)
Contudo, a tarefa de descobrir a verdade e chegar a ela não é fácil, segundo Kierkegaard. Para descobrir a verdade é imprescindível conhecer-se a si mesmo. É necessário esforçar-se e empenhar-se para superar as etapas da existência. Essas etapas são determinantes existenciais do caráter humano, instancia que se oferecem ao individuo na sua caminhada para encontrar a sua própria verdade. (Secco, 2004 p. 931-932)

O primeiro salto a ser dado pelo individuo é o de superar a aparência e a busca incessante dos prazeres imediatos. Kierkegaard denominou este estágio de Estético. Esta é a realidade da sociedade da época em que viveu Kierkegaard: “Se, pois, por hipótese, a maioria dos cristão só o é em imaginação, em que categorias vivem eles? Nas da estética ou, quando muito, nas categorias estético-éticas” (Kierkegaard, 2002, p.43).
Neste estágio [Estético] o individuo vive egoisticamente, sem regras, ou seja, não reconhece o outro como individuo, mas apenas como objeto para saciar a sua sede de prazer. Num primeiro momento, não há consciência do sentido da existência e nem de que possui liberdade de escolher, de optar. Para os indivíduos que vivem neste estágio, o prazer constitui o telos da existência.

El esteta ES, pues, el hombre que vive a flor da piel, el cazador de sensaciones que se vuelca sin limites em La inmediatez, em el instante huidizo e irrepetible em lo que tiene de interesante o placentero, el hedonista que ordena su existencia AL pracer y AL goce em toda su casi infinita gama de posibilidades, desde el goce de La vida hasta el goce de si mismo. (Colomer, 1990 p.61).

O individuo vive sempre buscando sensações, mas elas sempre lhe escapam. Ele vive o vazio de sua existência. Não é apenas uma insatisfação, mas é a angustia de não deter nada. A partir dessa angustia o individuo desencadeia o processo da descoberta do sentido da existência, pois, ele não pode continuar na situação que se encontra, uma vez que tem consciência de que poderia ter agido de outro modo. Não há resignação de angustia, mas há o desejo de libertar-se dela. Há um desejo de converter-se, de mudar de direção e sentido, ou seja, de tornar-se “um homem novo” (Kiekergaard, 1995 p.39). Deste modo, o que permite ao esteta superar este estágio é a consciência da sua própria existencia, visto que a angustia constitui o “fundo do poço” e também o inicio de uma nova etapa: a Ética.

No estagio [Ético], o individuo descobre como é viver com responsabilidades e deveres. Há a busca de estabelecer relações com os outros, com a sociedade e, nela, descobrir sua função, o seu papel e sua tarefa. O homem renuncia a ser um anônimo, uma exceção na sociedade. Enquanto o esteta vivia de prazer egoísta, o individuo ético vive no tempo e vê o tempo como aliado na construção de sua personalidade.
O ético é aquele que reconhece o aspecto transitório e evanescente do real. Como nada sólido pode se erguer sobre ele, refugia-se em sua interioridade, onde se reconhece valores morais e eternos sobre os quais é possível construir sua personalidade. Escolhe aceitar esses valores morais, pois, compreende que eles representam a expressão dessa liberdade, dessa vontade, que os aceita como tais. [..] O ético é aquele que pode conciliar sua vontade com a vida social sob a forma do dever. (Le Blanc, 2003 p.63)

Entretanto, Kierkegaard afirma que o individuo não se contenta apenas em cumprir suas obrigações, pois, assim seria um escravo do geral, do dever, ou seja, do exterior. O individuo vivendo esta situação compreende que sua história pessoal é marcada pelo justo, pelo injusto, pelo certo e pelo errado. O individuo toma consciência de sua condição humana, do seu pecado e do seu erro. Esta tomada de consciência, segundo Kierkegaard, só é possível por que o individuo descobre e afirma a sua subjetividade, isto é, o individuo conhece verdadeiramente a si mesmo. Assim, “a subjetividade apresenta-se como um poder de Redenção” (Le Blanc, 2003 p.63), pois, a subjetividade é a consciência do erro e/ou do acerto. Quem errou reconhece o erro por que sabia o que era o certo, o que era verdadeiro e arrepende-se de ter falhado. O Individuo vive, neste momento, o desespero. (O desespero é a paixão de devorar a si mesmo sem ter a capacidade de fazê-lo realmente. Colomer, 1990 p.72). Quando o individuo ético vive essa autentica desesperação e reconhece a necessidade do arrependimento, o salto para o estagio [Religioso] é possível.

Segundo Kierkegaard é neste estágio que o individuo relaciona-se com Deus e afirma a sua interioridade e a sua historia pessoal. Kierkegaard, partindo de sua busca existencial pela verdade e pelo sentido de sua existencia, afirma que o seu “erro foi na obter fé, a fé de que para Deus tudo é possível.” (Le Blanc, 2003 p.38). Somente com o arrependimento e com o desespero é possível superar o estágio Ético e lançar-se ao estágio religioso.

Ao atingir o estágio religioso, o individuo escolhe “estar diante de Deus” (Colomer, 1990 p.67) e vive uma experiência interior do ilimitado, do desconhecido. O individuo descobre a verdade, o sentido de sua própria existencia.
A passagem do estágio ético para o religioso se realiza por intermédio de um salto qualitativo, caracterizado pelo abandono de todo imperativo moral universal em direção a um domínio em que não se dispõe de diretrizes ou normas gerais de ação, domínio esse que deve ser realizado com base na interioridade infinita. Na passagem entre esses dois domínios o homem percebe a insuficiência da razão em auxiliá-lo e necessita agora de um novo instrumento que lhe permita enfrentar os paradoxos apresentados nesse novo domínio (Secco, 2004 p. 931)

O fato de estar diante de Deus significa para o individuo a afirmação de sua interioridade e o encontrar-se na subjetividade. Deus só é acessível pela subjetividade, pois, “na ordem temporal, Ele e eu não podemos conversar, não temos língua comum” (Kiekergaard, 1988 p.128). Pela subjetividade há propriamente, um dialogo entre o individuo e Deus, há uma relação de amor e de verdade, de entrega, de abandono e de fé. “A verdade promana duma operação da intimidade” (Silva, 1956 p. 72). O individuo recebe as condições para reconhecê-la, visto que Deus só é possível através de uma experiência de intimidade, de fé, e segundo Kierkegaard, “a fé é o modo de conhecimento do homem interior” (Silva, 1956 p.72) contudo “ter fé é assumir os riscos que derivam das possibilidades da existência” (Silva, 1956 p.72).

Segundo Kierkegaard: A fé é a mais alta paixão de todo homem. Talvez haja muitos homens de cada geração que não alcancem, mas, nenhum vai além dela. Se se encontram ou não muitos homens do nosso tempo que não a descobrem, não posso decidi-lo, por que apenas me é licita a referencia a mim próprio, e não devo ocultar que me resta ainda muito que fazer, (..). Mas mesmo para aquele que não chega até a fé, a vida comporta suficientes tarefas, e se as aborda com sincero amor, a sua vida não será perdida, mesmo que não possa ser comparada à existência dos que aprenderam e alcançaram o mais alto (Silva, 1956 p. 72)

Portanto, Kierkegaard assevera que o próprio cristianismo apresenta um caminho de descoberta do sentido e da verdade existencial. Esse caminho é constituído por etapas que são superadas à medida que o individuo toma consciência da sua condição humana. No fim desse caminho interior se encontra a Verdade, Deus. A interioridade é sempre algo subjetivo e o que é subjetivo torna-se uma questão primeiramente de fé.

Considerações finais: Com este artigo pretendeu-se abordar a concepção de Kierkegaard acerca da verdade, ou seja, o que realmente consiste encontrar a verdade. Para todo e qualquer individuo, assevera Kierkegaard, é imprescindível o encontro da verdade, pois, somente deste modo é possível responder àquela antiga, mas sempre atual pergunta, sobre o porquê vim ao mundo. Não é uma tarefa fácil, muito pelo contrário, é uma missão árdua que exige muita superação, dores, sofrimentos, perseverança e urgência.

Encontrar a verdade é urgente, segundo Kierkegaard, pois a finitude e a brevidade são condições inerentes à natureza humana. Portanto, a vida é, considerando-a enquanto existencia no mundo, passageira e finita. Assim sendo, o individuo deve empenhar sua vida nesse empreendimento, pois, é necessário descobrir o sentido da sua existencia.
O individuo somente descobrirá ou encontrará a verdade quando conhecer-se a si mesmo. O conhecimento essencial, ou seja, a verdade acerca do porquê vim ao mundo, tem como condição necessária a interioridade a subjetividade. Ao passar pelas etapas da existência, estética e ética, o individuo se dá conta do seu pecado, do seu erro e reconhece que precisa converter-se. A conversão é um processo que conduz a interioridade. Ao efetuar esse processo Deus se revela ao individuo como sendo a Plena Verdade. Assim , DeusPlena Verdade – revela ao individuo o sentido da sua existência. Deus é o que há de mais subjetivo no individuo. Por conseguinte, segundo Sören A. Kierkegaard, a subjetividade é a mais pura verdade. /../:)



Optei por ocultar o nome dos autores, no entanto este é o fator de menor importância à ser ressaltado, o que realmente importa é o conteúdo abordado neste artigo. Espero que você consiga entender corretamente a mensagem transmitida aqui, para isso se tornar possível você terá de abrir o coração e ultrapassar os limites e padrões impostos pela a esfera da razão.

Que Deus permita-nos enxergar cada vez mais além do que normalmente se vê, que abençoe a todos nós e que tenha demasiada misericórdia no dia do juizo final..

JONAS DE CAMPOS 15/02/2011